terça-feira, 3 de março de 2015

A importância da hidratação na terceira idade


A Confusão Mental dos Idosos
por Arnaldo Lichtenstein

Arnaldo Lichtenstein é médico, clínico-geral do Hospital das Clínicas e professor colaborador do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Ele tem algumas simples recomendações, porém muito importantes para você e quem você quer bem:

"Durante as aulas de clínica médica que ministro aos estudantes do quarto ano de Medicina, a certa altura, faço a seguinte pergunta:

- Quais as causas mais comuns de confusão mental nas pessoas idosas?

Alguns tentam adivinhar: "Tumor no cérebro".Eu respondo: "Não".Outros arriscam: "Mal de Alzheimer".Novamente, respondo: "Não".A cada negativa os alunos vão demonstrando espanto.... E ficam ainda mais boquiabertos quando menciono os três motivos mais comuns:

Diabetes fora de controle; Infecção urinária;A família foi passear e deixou o avô e a avó em casa, para não se cansarem.Embora pareça brincadeira, não é não! Como o avô e a avó não sentiram sede, não ingeriram líquidos.

Quando não há ninguém mais em casa para lembrá-los de tomar água, chá ou um suquinho, eles desidratam-se rapidamente.A desidratação pode vir a ser grave, afetando todo o organismo. Pode causar confusão mental repentina, queda de pressão arterial, aumento dos batimentos cardíacos, angina (dor no peito), coma e até o óbito.Atenção: isso não é brincadeira.

O processo natural de envelhecimento faz com que, na terceira idade - que começa aos 60 anos - tenhamos pouco mais de 50% de água no organismo. Portanto, os idosos têm menor reserva de líquidos. Para complicar mais o quadro, mesmo desidratados, eles não sentem vontade de tomar água porque, muitas vezes, há certa disfunção nos seus mecanismos de equilíbrio interno.

Conclusão:

As pessoas idosas desidratam-se com mais facilidade não apenas porque têm menos reserva de água, mas também porque não se dão conta de que necessitam de água. Mesmo que o idoso seja saudável, a falta de líquido reduz o desempenho das reações químicas e funcionais de todo o organismo.Por esse motivo, aqui estão dois alertas:

1. O primeiro é para as pessoas idosas: fiquem bem conscientes do hábito de tomar líquidos, mesmo no inverno. Por líquido entenda-se água, chás, água de coco, melancia, sucos, melão, abacaxi, tangerina, gelatina, laranja, leite, sopas... O importante é, a cada duas horas, ingerir um copo ou uma xícara com líquido. Lembrem-se bem disso!

2. O segundo alerta é endereçado aos familiares: ofereçam, com bastante frequência, líquidos aos idosos. Ao mesmo tempo, prestem atenção. Caso percebam que estão rejeitando líquidos e, que, de repente, ficam confusos, irritadiços, alheios ao que se passa ao redor, cuidado! É quase certo que sejam sintomas de desidratação. Deem-lhes líquidos e procurem logo atendimento médico".

A solução está próxima, mas depende daqueles que vivem em volta do idoso. Ofertar água antes que ele sinta sede, evitando copos grandes e cheios, fazendo em pequenas quantidades e várias vezes ao dia. Além da água, podemos oferecer outras bebidas e frutas para auxiliar na hidratação. Água de coco, sucos, chás de ervas claras e gelatinas. Frutas, por exemplo o melão, melancia, laranja, tangerina, abacaxi e pera com casca.

Outro fator determinante para desidratação é o combate e prevenção a gripe, resfriados e pneumonias. Os idosos permanecem agasalhados, fechando janelas mesmo em períodos de calor – aumentando a temperatura corporal, fazendo que o organismo libere água para resfriar e assim perdendo grandes quantidades de água.

O cuidado deve ser dobrado em estações climáticas muito quentes e regiões com baixa umidade, possibilitando desidratação rápida e podendo apresentar alguns sintomas preocupantes: Confusão mental, fraqueza muscular, constipação, diarreia, olhos profundos, tontura, cãibras, dores de cabeça, febre, irritação sem motivo, desorientação, esquecimento, taquicardia e muitos outros.

Um adulto com perda de 20% chega ao óbito, mas, no caso dos idosos, é ainda mais alarmante para a terceira idade. Os velhinhos não podem sofrer 10% de perda, pois seu organismo é mais debilitado e sua resistência é consideravelmente menor comparada aos adultos.

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